O último domingo de janeiro é considerado o Dia Mundial de Combate e Prevenção da Hanseníase. Desde 2016, o primeiro mês do ano é dedicado à conscientização da prevenção e do combate à doença e a cor roxa foi escolhida pelo Ministério da Saúde para as campanhas educativas.
Apesar de ter cura, o preconceito e os mitos em torno da hanseníase fazem com que 30 mil novos casos da doença sejam diagnosticados no Brasil por ano, colocando o país no segundo lugar mundial em número de casos, somente atrás da Índia.
É muito importante desmistificar preconceitos históricos: a hanseníase tem cura e quando diagnosticada precocemente e tratada, as sequelas podem ser evitadas.
O caminho para reduzir o preconceito já começou a ser trilhado, segundo o médico normativo do PASA Leonardo Almeida, que já participou de programas de busca ativa, diagnóstico e tratamento de hanseníase: “Com as ações de conscientização e tratamento efetivo gratuito e de fácil acesso no Brasil, as pessoas têm visto que a doença é plenamente curável e que as características da doença que ficaram conhecidas como ‘lepra’, estão no passado”.
Você sabe o que é a hanseníase?
A hanseníase é causada pelo bacilo Mycobacterium leprae e sua transmissão acontece de pessoas doentes sem tratamento para pessoas saudáveis pelas vias aéreas superiores, como tosse, espirro e fala. É uma doença infecciosa que atinge principalmente a pele e os nervos periféricos, com capacidade de ocasionar lesões neurais.
Na pele, aparecem manchas esbranquiçadas ou avermelhadas e também pode haver alteração da sensibilidade. Assim, o paciente tem sensibilidade diminuída ou não sente calor, frio, dor e mesmo o toque. É comum ter sensação de formigamento, fisgadas ou dormência nas extremidades (pés, mãos) e em algumas áreas pode haver diminuição do suor e de pelos.
Almeida enumeras as sequelas mais comuns: “Em formas evoluídas da doença, a hanseníase pode causar ‘mãos em garra’ e ‘pé caído’. Apesar de comuns, todos os sintomas podem ser evitados através de identificação e tratamento precoce e podem ser amenizadas com tratamento fisioterápico.”
A doença pode provocar ainda o surgimento de caroços e placas em qualquer local do corpo e a diminuição da força muscular. Por ter alto poder incapacitante, criou-se um estigma e discriminação em relação às pessoas acometidas pela doença. “É muito comum que os pacientes ainda perguntem ao diagnóstico: ‘É Lepra mesmo, doutor?’ demonstrando medo, ou: ‘Então o meu pé vai cair?’. Cabe a nós, profissionais de saúde bem treinados no assunto, tranquilizar o paciente, conversar e explicar sobre o histórico da doença e da evolução do tratamento, e, o quanto antes, oferecer a primeira dose do tratamento”, pontua o médico de família.
A transmissão
A doença é transmitida por meio do contato próximo e prolongado com pessoas que tenham a doença e não estejam em tratamento. Por isso, familiares, amigos e colegas de trabalho e escola de pessoas com hanseníase também devem ser avaliados por médicos.
E como a transmissão ocorre de vias aéreas superiores para via aéreas superiores o toque não é um fator, como explica Almeida: “O bacilo de Hansen, causador de doença, se aloja no interior de células dos nervos, o que torna a transmissão por contato pele a pele improvável. Além disso, o bacilo sobrevive pouquíssimo tempo fora do nosso corpo, tornando também improvável o contato com superfícies e objetos”.
O diagnóstico
O diagnóstico da hanseníase é essencialmente clínico, ou seja, feito em uma consulta. O médico analisa a história do paciente e faz um exame dermatológico, para analisar se áreas da pele ou manchas têm alterações de sensibilidade ao toque, à dor e à temperatura; e um exame neurológico, para saber se essas áreas têm alterações específicas, como dormências e formigamentos.
O tratamento
Em qualquer estágio da doença, o paciente recebe os medicamentos para uso via oral. Estes medicamentos destroem os bacilos. O tratamento pode durar entre seis meses e um ano. Se seguir o tratamento cuidadosamente, o paciente recebe alta por cura. A pessoa que inicia o tratamento não transmite mais a doença a familiares, amigos, colegas de trabalho ou escola. Portanto, não há necessidade de qualquer tipo de isolamento dos amigos e familiares.
Quanto mais cedo o paciente começa o tratamento, menores são as agressões aos nervos e é possível evitar complicações e risco de sequelas. “De modo geral, após 24 horas da primeira dose das medicações recomendadas no tratamento moderno, e dependendo da carga bacilar do paciente, ele poderá ser considerado não transmissor”, pontua o médico. E aconselha: “Se há suspeita de hanseníase, busque o seu médico de referência o quanto antes, que pode ser um médico de família e comunidade, clínico geral, dermatologista ou infectologista. Se foi confirmado o diagnóstico, acompanhe com a sua equipe de saúde. O tratamento, apesar de demorado, é simples e extremamente efetivo”.
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Fontes:
Ministério da Saúde
Sociedade Brasileira de Hansenologia
Sociedade Brasileira de Dermatologia
0800 722 0183
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